sexta-feira, 6 de maio de 2016

A criatividade como perspectiva

A criatividade é geralmente confundida unicamente como expressão artística. A criatividade recobre um mecanismo muito mais largo.
A criatividade é a capacidade de encontrar ideias novas, de compor dados variados cuja alquimia produzirá uma verdadeira novidade, é aceitar os riscos para se alongar em caminhos balizados, é descobrir os domínios, os universos, as pessoas, os lugares desconhecidos sem medo e com curiosidade, com a convicção que se encontrará, em si, os meios de adaptação a esta situação desconhecida e que se poderá aí adquirir o prazer.

>> Criatividade e percepção exarcebada do mundo: uma associação vitoriosa.
A criatividade nasce dessa capacidade própria do sobredotado de "não selecionar". O que os científicos chamam de defeito de inibição latente. O que torna-se a dizer que o cérebro capta tudo, inclusive as coisas mais banais. O que dá uma consciência mais fina do ambiente e amplifica as percepções. O cérebro do sobredotado não rejeita de imediato certos elementos, o que se faz habitualmente por condicionamento. Quer dizer que se aprendeu a selecionar o que era importante e o que o era menos. A hiperpercepção do sobredotado deixa grandes portas abertas. Eis que, deixar-se invadir com confiança e prazer por todas essa pequenas coisas que, juntas, podem tornar as ideias muito originais ou obras únicas. Uma obra pode recobrir mil visões. Permanecer ligado, sem medo, e as ideias jorrarão. É muito júbilo e pode ser uma via apaixonante de realização. Ainda uma vez, isto supõe ter bem compreendido que você não atrai nenhum risco de sentir o que você sente: uma percepção afirmada, extensa e sem limites. Tudo, absolutamente tudo, vai entrar no seu cérebro e poderá tecer laços insuspeitos que farão transbordar seu potencial criativo. 

Então, não se esqueça jamais: maiores são as portas da percepção, mais vossa criatividade é importante. Aproveite-a!

>> A criatividade deixa grandes aberturas nas portas dos possíveis.
O defeito de inibição latente, aquele que faz "entrar" no pensamento todas as informações sem triagem nem hierarquização prévia, tornam-se uma qualidade para a criatividade. Nenhuma possibilidade se fecha. Associando-se espontaneamente sobre a menor coisa que toca o espírito, os sentidos, o pensamento, produz continuamente cadeias de ideias novas. Nada saberá impedi-lo. É lá, e somente lá, que se precisará por vezes triar: olhar e reparar entre todas essas ideias aquelas que podem ter um sentido que nos reorienta ou nos conduz para um novo projeto. Através de uma nova ideia que a seu turno relançará a máquina sobre uma nova via, em novas associações...
Tomemos uma imagem: se eu colocar meu cérebro em modo open, tudo entra e meu cérebro vai moer o menor grão. Meu cérebro torna-se uma "caixa de ideias". mas eu posso também escolher o modo closed, e, como se eu fechasse um programa informatizado, eu não guardo aberto senão um só fichário. Eu posso também escolher colocar-me em modo vigília.

Permanece-se livre e determina-se o momento, o contexto, a vontade de nossos desejos e dos constrangimentos da realidade, de abrir ou colocar em vigília nosso cérebro. Nós podemos decidir ter a escolha e não mais ser invadido em contínuo e à nossa revelia todas as informações do mundo.

>> O pensamento divergente: quando surgiu o Eureka!
A arborescência afasta o curso do pensamento e cria inumeráveis confluentes que acionam o pensamento na sua corrente. Toda uma rede de canais se desdobra, sem descontinuar. Claro, em inúmeras circunstâncias, esta forma de pensamento que se estende da ordem inicial, que perde o espírito em conjecturas, que obriga a avistar hipóteses sempre diferentes, desencadeia associações de ideias inimterruptas, pode se revelar fatal. Do aluno incapaz de estruturar uma redação de francês ao universitário perdido em face da redação de sua memória, do conferencista afogado em explicações confusas ao profissional perdido na conclusão de seu relatório.
Mas somente o pensamento divergente, aquele justamente que permite às ideias se desenvolverem e se reencontrarem de maneira fortuita, é propício à criatividade, ou mesmo à descoberta genial. Quando se reflete sobre um modo analítico e linear, quer dizer que se parte de uma hipótese ou de um dado de base e que se caminha por etapas lógicas, chega-se a um resultado, mas raramente a uma ideia nova! É o pensamento convergente na oposição do pensamento divergente. Aquele cujo processo conduz a inteligência a convergir através do objetivo fixado. Enquanto que a arborescência repentinamente chegou sobre um cruzamento inesperado de ideias que não seriam jamais encontradas numa estrutura seqüencial do pensamento.

O pensamento divergente é vossa reserva de criatividade. Pense nisso!

Pensamento divergente, criatividade e tempo: 
As vantagens dos precursores
Estar em avanço na sua análise e sua compreensão das coisas, situar-se antes da origem do caminho de pensamento habitual, antecipar as consequências de uma situação ou de uma ação, permite chegar antes dos outros ao ponto de chegada. com a criatividade que proporciona o pensamento divergente e a casca de sentimento de tudo-poder próprio do sobredotado, todos os ingredientes estão presentes para se tornar um precursor no seu domínio. Qualquer que o seja. Bem certo, ser um precursor exige energia para ir à contra-corrente, para impor sua visão das coisas. É preciso carisma, talento, personalidade e uma profunda convicção, e se poderá assumir as críticas. Quando tudo vai bem, a personalidade do sobredotado é rica de todos os trunfos. É uma dimensão que não é preciso jamais ocultar pois, se muito tem de ideias, pouco chega a impô-las e a assumi-las. Que se o diga!

>> A intuição, um poder comparável aos sistemas experts
Um sistema expert corresponde à análise de uma situação que leva em conta uma multiplicidade de dados e de experiências para tratar quase exaustivamente o problema dado. É também a tarefa de um expert num domínio preciso, ele é aquele que dispõe de competências e da experiência exigida para pronunciar uma opinião ou uma decisão. Para o sobredotado, a rapidez de associação de ideias, de compreensão, de análise, que provêm de várias fontes diferentes e que se associa de maneira fulgurante, além da consciência, produz uma intuição criativa do resultado. Esta intuição é resultante de um processo complexo. Não é um pensamento mágico surgido de nenhuma parte. Deve-se, pode-se, confiar nele. A resposta a um problema através desse processo corresponde aos mecanismos àqueles do sistema expert, em potência e criatividade a mais!
O obstáculo: provar e justificar a legitimidade. A resposta: "É evidente", ou ainda "eu estou certo que é assim que é preciso fazer", terá dificuldade a convencer. Como o disse o matemático Henri Poincaré: "É pela lógica que se prova e pela intuição que se descobre." O que torna-se a dizer que será preciso utilizar uma lógica, à escolha, para fazer validar sua ideia. Mesmo se a lógica para demonstrar não é aquela utilizada para criar! Um pequeno tour será suficiente para convencer pois de toda maneira você mesmo não sabe como nem porquê você compreendeu o que você sabe, então como explicá-lo!
Seja então criativo (!) mas desta vez para produzir uma explicação plausível e aceitável. Dá certo, verdadeiramente, e é profundamente satisfatório.